Postado em 11/08/2019 20:19 - Edição: Administrador
Todo ano, no mês de agosto, se comemora o Dia dos Pais. Crianças são orientadas nas escolas a confeccionarem uma lembrança, uma cartinha, uma dança de apresentação, uma frase, uma homenagem, enfim, alguma demonstração de afeto para seus pais.
Sorte daqueles que os tem. Todos os dias. Há homens que protagonizam seu papel de pai e estão ali, lado a lado com seus filhos, independentemente da história que tenham com a mãe. Independentemente de processo judicial, valor de pensão alimentícia e tudo mais.
Mas, não são todas as crianças que tem a possibilidade de conviver com seus pais. Não são todas que tem a chance de ver seu herói na plateia da apresentação da escola. Nem todas possuem a sorte de sentir o afeto e a reciprocidade de um sentimento de pai e filho.
Muitas crianças passam o ano todo, sendo vítimas de abandono afetivo.
Ausência de afeto que não tem nada a ver com pagar a pensão alimentícia, que muitas vezes é atrasada e só feita depois de muita insistência da mãe.
Pais que veem o pagamento como um sacrifício desgastante, que a mãe irá desvirtuar todo o valor para ela, sendo que muitas vezes o valor não ultrapassa trezentos reais mensais.
O que mesmo uma mulher pode fazer de tão extraordinário com trezentos reais, tendo em filho com centenas de despesas (que se sabe não ser barato)?
Há pais que passam os 365 dias do ano, deixando seus filhos para depois, não honrando compromissos, desmarcando encontros, se quer fazendo uma simples ligação, que dirá acompanhar as tarefas da escola ou as novidades dos amiguinhos.
Há pais que perdem tempo com algo que julgam ser mais importante que seus filhos, entendem ser mais prioridade que o precioso afeto que deixam de oferecer.
Nunca estão lá para receber as homenagens, para comemorar o aniversário do filho, para celebrar o natal ou o dia das crianças.
Só aparecem na certidão de nascimento do filho e, as vezes, nas redes sociais no mês de agosto de cada ano, divulgando uma foto qualquer com a criança. Essa mesma criança que tem em seu coração um sentimento mais triste de abandonado afetivo.
Ser pai não é isso. Abandono afetivo é.
(Pensamentos de uma advogada de família, com base nas dezenas de histórias vivenciadas em processos de divórcio e pensão alimentícia).
Ref.: Dra. Carla Baptista